setembro 13, 2012

História do polidesportivo da Liga dos Amigos de Aranhas




Foi no início da década de setenta que o Instituto Pina Ferraz, resolveu elaborar um projeto de loteamento do terreno sito no Chão Grande, de que era proprietário. Era eu, então, presidente da Junta de Freguesia de Aranhas, e presidia, também à Direção da Liga dos Amigos.
Tive conhecimento do facto e, como presidente da Junta, assisti, in loco, ao leilão dos lotes. Contudo, e por razões que desconheço, nenhum lote foi vendido, o que muito me surpreendeu na altura, pois havia muita procura de casas e de terrenos. Perante este insucesso, o Instituto Pina Ferraz resolve, algum tempo mais tarde, colocar todo o terreno à venda.
Nestas circunstâncias, decido fazer um pedido de cedência de parte do terreno à Liga dos Amigos de Aranhas, para ali construir um polidesportivo. Dirigia, então, o Instituto Pina Ferraz, o arcipreste António Baltazar da Ressurreição, sobre o qual devo, desde já, salientar a compreensão e a simpatia, quando lhe falei da Liga dos Amigos e dos objetivos a que a mesma se dedicava, nomeadamente em matéria de desporto.
Passado bastante tempo, veio, finalmente, a comunicação de que o Instituto tinha decidido vender-nos uma porção do terreno, pelo preço simbólico de mil escudos.
Aceitou-se de imediato, tendo-se realizado a competente escritura a 26 de Outubro de 1976. Porém, e dado que, na ocasião, a Liga não dispunha da quantia necessária para pagamento, solicitei ao arcipreste Baltazar algum tempo de espera. O senhor, com um sorriso compreensivo, de imediato nos perdoou a dívida. Por isso, as nossas sinceras homenagens ao Instituto Pina Ferraz, e ao seu, então, diretor.
*
À data não havia qualquer polidesportivo no concelho de Penamacor, e, por essa razão, não me foi fácil passar a mensagem, às entidades oficiais, relativamente ao seu valor em favor da juventude.
O levantamento topográfico foi executado pelo meu amigo Carvalho, topógrafo na Câmara Municipal, mas a obra em si, como qualquer obra neste país, estaria destinada a percorrer os seus trâmites e a sofrer os seus revezes e atrasos, a começar pelo facto de pertencer a uma simples associação cívica, que não a instituição oficial.
Com efeito, só muito mais tarde, e depois de ser construído o polidesportivo de Penamacor, o primeiro do concelho, sendo presidente da Câmara o Dr. Francisco Ribeiro, é que foi dada luz verde para avançar o da Liga dos Amigos de Aranhas.
Mas os problemas financeiros seriam mais que muitos, já que a Liga nunca beneficiou de subsídios para o seu funcionamento, ao contrário de outras instituições do género. Tivemos, inclusivamente, de «mendigar» ajudas materiais, para se conseguirem bolas, redes, balizas, etc. Só muito mais tarde teríamos a colaboração preciosa da Câmara Municipal em obras fundamentais, como nos balneários, por exemplo.

A determinada altura (não me recordo da data certa), na qualidade de presidente da Direção da Liga, propus, à Comissão de Festas de Nossa Senhora do Bom Sucesso, que os festejos populares se realizassem no polidesportivo, mediante um acordo escrito e negociado entre as partes. A referida Comissão não aceitou, mandou fazer algumas obras na encosta do monte e ali realizou as festas desse ano.
Entretanto, e sem qualquer conversa prévia, essa mesma comissão nomeia-me para presidir à futura comissão. Aceitei o desafio e escolhi uma boa equipa, coesa e trabalhadora. A minha primeira proposta seria para a realização da festa no polidesportivo. A proposta foi aceite e partiu-se para a celebração de um protocolo, entre a Liga e a Comissão de Festas, que foi assinado pelas duas partes, e, que segundo creio, ainda se mantém em vigor.
*
Iniciam-se as obras no recinto. Começa-se por construir o bar, que teve de se adaptar ao terreno disponível e, nesse ano, funcionou sem cobertura, provisoriamente tapado com ramos de eucalipto. Foi a Liga que pagou esta obra, já que a comissão anterior não deixara qualquer verba.
Depois, tudo começou a ser mais fácil: a Liga consegue da Câmara a instalação da água, da eletricidade e, mais tarde, o calcetamento de acessos e zona envolvente. Por outro lado, as várias comissões de festa, em colaboração com a Liga, também ali fizeram investimentos: ampliaram o palco existente e dotaram de cobertura; construíram a zona da quermesse; melhoraram sensivelmente o espaço do bar e, juntamente com a Liga e mediante subsídio da Câmara, melhoraram as casa de banho e construíram-se as bancadas.
*
Nem sempre tem sido consensual e bem visto, por parte de alguns conterrâneos, o investimento das comissões de festa, numa propriedade da Liga. Porém, esta partilha de instalações nunca causou conflito de competências entre as duas partes interessadas, e, para além disso, proporciona racionalização e economia de meios, evitando gastos desnecessários numa aldeia tão pequena como a nossa, onde são cada vez menos as pessoas e os recursos, e onde os subaproveitamentos e os desperdícios não devem ter lugar.
Em conclusão, acho que saíram a ganhar os festivaleiros e os desportistas, as Comissões de Festas e a Liga dos Amigos; acho que todos estamos de parabéns e que todos podemos orgulhar-nos por termos um bom polidesportivo e um bom recinto para as festas da terra.


Aranhas, 30 de Julho de 2012
                                                                                       Libério Candeias Lopes

Sem comentários: