março 24, 2011

Fernando Pereira Lopes Raposo

Contribuição de Albertino Calamote, a quem agradeço publicamente.
Meu caro

Como amigo e admirador do excelente blogue Mata Aranha, e dado que em breve vamos, enfim, homenagear condignamente os Antigos Combatentes do concelho de Penamacor, venho solicitar o favor da publicação da imagem em anexo, deixando ao vosso gosto e critério o respectivo texto.

Trata-se duma foto de Fernando Pereira Lopes Raposo, que morreu na Guiné em 1964, com notícia do Diário Popular, jornal de então. O Fernando era o único filho de Cacilda Calamote (minha prima direita) e de Joaquim Raposo «Chora». Quem o conheceu sabe que era pessoa dos melhores sentimentos e grande amigo de Aranhas: por isso um dos mais valiosos e extraordinários tributos de que a Pátria é credora à vossa terra.

Muito obrigado.

Albertino Calamote

março 23, 2011

Proposta para a construção de um memorial aos ex-combatentes da Guerra do Ultramar

A pedido de Libério Candeias Lopes aqui fica esta informação.

Libério Lopes na Guiné (1965)

No almoço dos ex-combatentes do Ultramar realizado em 15 de Agosto de 2009, Libério Candeias Lopes apresentou a seguinte proposta:

"Infelizmente, os governos de Salazar e Marcelo Caetano não souberam ou quiseram compreender que as chamadas Províncias Ultramarinas Portuguesas queriam tornar-se independentes da Pátri-mãe e assim seguir o seu próprio destino.
Devido a isso, os povos desses territórios pegaram em armas, o que deu origem a uma luta a que hoje denominamos Guerra do Ultramar.
Como consequência, milhares de jovens portugueses lutaram na Guiné, Angola e Moçambique em nome de Portugal, baseados no Juramento que fizeram perante a Bandeira Portuguesa.
Cerca de 10 000 sacrificaram a sua própria vida a lutar por um ideal que pensavam ser o mais justo. Outros regressaram com as mais variadas deficiências físicas, incapacitados de levarem uma vida dita normal.
A maioria, como nós aqui presentes, que também deu o melhor de si próprios, durante essa guerra, mas que teve a sorte de regressar, manteve-se fiel a esse passado não como saudosistas, mas que respeita e que, teimosamente tenta esquecer, mas que não consegue.
Ficamos marcados para sempre e por isso mesmo aqui nos juntamos, hoje neste pequeno convívio, como costumamos fazer em muitos outros convívios da nossa Companhia, por este país fora.
Por aquilo que fizemos e não merecíamos passar.
Em memória dos mortos naturais do nosso Concelho arevemo-nos a sugerir à Câmara Municipal o seguinte:
A construção de um Memorial dedicado a todos os ex-combatentes  naturais do concelho com destaque para os que deram a vida em nome da sua Pátria;
Que o mesmo memorial seja inaugurado no próximo ano no dia 10 de Junho ou no dia do concelho;
Que para isso sejam contactados todos os ex-combatentes naturais do concelho e os familiares dos falecidos em combate;
Que para esse efeito seja formada uma Comissão Organizadora com a participação de alguns ex-combatentes."

março 20, 2011

O nascimento da Liga dos Amigos de Aranhas (conclusão)

Voltando ao ex-edifício da Escola Feminina e chegando a Junta de Freguesia à conclusão de nada poder ali fazer por falta de verbas, o Presidente propõe a sua devolução ao Estado na condição do mesmo ser cedido à Liga dos Amigos de Aranhas. Isso concretiza-se e a Liga compra o edifício por 15 000 escudos (cerca de 75€).
Começa assim um longo caminho que irá finalmente resolver as muitas dificuldades até então existentes. Graças ao esforço dos Corpos Gerentes, ao empréstimo e trabalho de muitos sócios, à realização de festas e outras acções, dão-se início às obras de restauração do edifício.
Ali se instalaram a L.A.A., a Junta de Freguesia, o Posto Médico, o Rancho Folclórico, a Casa do Povo e o Curso de Educação de Adultos.
Estava concretizado o primeiro objectivo da Liga dos Amigos de Aranhas.
Com o 25 de Abril, o poder local fortalece-se e cria autonomia financeira. Por isso mesmo, a Junta de Freguesia adquire um edifício onde instala a sede e o Posto Médico. O Rancho Folclórico instala-se no edifício escolar, entretanto desactivado. A Liga cria o Centro de Dia e expande as suas instalações.
Hoje a L.A.A. é uma Instituição Privada de Solidariedade Social e a sua principal actividade é o Centro de Dia.

março 11, 2011

O nascimento da Liga dos Amigos de Aranhas (2ª parte)

Perante tudo isto, Libério Lopes tem uma ideia: fundar uma Associação que, depois de legalizada, poderia conseguir de outra forma o que a Junta não conseguiu. Resolveu dar-lhe um nome: Liga dos Amigos de Aranhas.

A 15 de Agosto de 1971, convida a população para uma reunião que se realizou no logradouro da Escola Primária e propõe essa ideia aos presentes. A ideia é aceite. Dessa reunião é feita a acta que a seguir se transcreve:
Acta nº. 1

Aos quinze dias do mês de Agosto de mil novecentos e setenta e um, pelas dezasseis horas, no Pátio da Escola Primária de Aranhas e a convite do Presidente da Junta de Aranhas, prof. Libério Candeias Lopes, reuniram-se algumas dezenas de naturais de Aranhas a fim de serem focados alguns problemas do maior interesse para a freguesia.

Em virtude de a Junta de Freguesia só por si não poder resolver a maioria dos problemas, o professor Libério lançou a ideia de uma Liga de Amigos a fundar em Aranhas. Explicou aos presentes o que seria essa Liga, quais as obrigações e regalias dos sócios e as finalidades da referida Liga. Essa ideia foi aprovada por unanimidade e ficou assente que a cota mínima seria de cento e vinte escudos anuais. Logo aí se inscreveram vários amigos sendo de salientar o sr. José Pereira que se inscreveu com a quantia de seiscentos escudos anuais.

Foi decidido nomear uma Comissão que iria tratar da organização da referida Liga. Estava assim lançada a primeira pedra. E para que se torne mais válido o presente acto irão pois descritos alguns nomes dos presentes nessa primeira reunião:

José Pereira; Manuel Landeiro Lopes; Libério Candeias Lopes; Raúl Mendes Landeiro; José Albino da Manata; Rui Pires Lisboa; Amorim Mendes Candeias; José Geraldes da Lopes; José Lopes Canudo; José Brás Carreto; José Landeiro Ferreira; António Carreto; Belmiro Pires Salvado; José Geraldes Dionísio; Inácio Carreto Bernardo; José Raposo; António Toscano Borreguinho; António Simão; Manuel Pinheiro Ramos; José Rapoula Justino; Humberto Lopes Geraldes; José Dionísio de Matos; José Simões; João Mendes Robalo; António Menas Andrade; José Raposo da Violante; António Rodrigues Rapoula; João António Esteves Landeiro; José Landeiro Lopes; Manuel Esteves Landeiro.

Um longo caminho foi percorrido desde esse dia. Foi graças a muita persistência e um árduo trabalho de muitos aranhenses que hoje a Liga é uma realidade.

A primeira Assembleia Geral realizou-se em 23.12.1971.

Os primeiros Corpos Gerentes foram:

Direcção:
Presidente: Prof. Libério Candeias Lopes
Vice-Presidente: José Lopes Nunes
1º Secretário: Prof. José Mendes Marcelo
2º Secretário: Abel Domingos Carreto
Tesoureiro: Manuel Ramos Domingues António
Vogal: Joaquim Neves Carreto
Vogal: José Pascoal

Secretário-Geral: António Rodrigues Rapoula
´
Conselho Fiscal:
Dr. Manuel Martins Lopes Marcelo
António de Jesus Marcelo
Manuel Esteves Landeiro

Assembleia-Geral:
Dr. António José Martins Ferreira
Prof. Manuel Esteves da Fonseca Ferrão
José Domingues Ramos
Ten. José Landeiro Lopes
Os corpos Gerentes atrás citados mantiveram-se em actividade até Maio de 1976.

março 06, 2011

O Nascimento da Liga dos Amigos de Aranhas (1ª parte)

Este post, bem como os que se seguirão, conta a história do nascimento da LAA. O texto foi feito por Libério Candeias Lopes, a quem agradeço desde já esta contribuição sobre uma das principais instituições da aldeia. 


Em 1967, Libério Candeias Lopes toma posse como Presidente da Junta de Freguesia de Aranhas. À época, não era atribuída a estes órgãos qualquer verba para procederem a obras nas suas freguesias. Também não havia sede para o seu funcionamento. As reuniões e o atendimento ao público eram feitos na casa de habitação do próprio Presidente. Este e os restantes membros trabalhavam gratuitamente.
O orçamento da Junta de Freguesia limitava-se ao dinheiro dos atestados, venda de sepulturas e arrendamento de uma propriedade sita na Carvalheira, o que era insignificante.
O pouco que se podia fazer era realizado com a colaboração da população, principalmente no arranjo de caminhos e limpeza das ruas.
Para se conseguir alguma obra para a freguesia era necessário convencer o Presidente da Câmara, o que nem sempre era fácil. Menciono, como exemplo, a construção da Ponte da Baságueda, junto ao Parque de Campismo, que foi conseguida graças ao bom relacionamento entre o Presidente da Junta de Freguesia e o Governador Civil, tendo como opositor o próprio Presidente da Câmara.
Além de não haver sede para a Junta, não havia casa onde o médico dar consultas, sendo também o Presidente da Junta a conseguir, gratuitamente, casas para o efeito.
Não havia sítio onde reunir ou confraternizar, ou local onde o Rancho Folclórico pudesse ensaiar.
Concluindo: era necessário e urgente arranjar uma sede para tudo isto. Para isso, o Presidente da Junta pede a cedência à Junta de Freguesia da antiga Escola Primária Feminina que, entretanto, fora abandonada. Não foi fácil esta cedência (houve oposição do Director Escolar), mas a mesma concretizou-se. Recorda-se aqui a memória do sr. Agnelo Morão, que junto do Ministério das Finanças, tudo fez para que isso acontecesse.
E, assim, a Junta de Freguesia torna-se proprietária de um edifício em ruínas e sem hipótese de o aproveitar, por falta de verbas. Bem se tentou consegui-las. Mas todas as portas se fecharam, a começar pela Câmara Municipal de Penamacor. Tudo isto acontece antes do 25 de Abril de 1974.
Perante tudo isto, Libério Lopes tem uma ideia: fundar uma Associação que, depois de legalizada, poderia conseguir de outra forma o que a Junta não conseguiu. Resolveu dar-lhe um nome: Liga dos Amigos de Aranhas.