Este post, bem como os que se seguirão, conta a história do nascimento da LAA. O texto foi feito por Libério Candeias Lopes, a quem agradeço desde já esta contribuição sobre uma das principais instituições da aldeia.
Em 1967, Libério Candeias Lopes toma posse como Presidente da Junta de Freguesia de Aranhas. À época, não era atribuída a estes órgãos qualquer verba para procederem a obras nas suas freguesias. Também não havia sede para o seu funcionamento. As reuniões e o atendimento ao público eram feitos na casa de habitação do próprio Presidente. Este e os restantes membros trabalhavam gratuitamente.
O orçamento da Junta de Freguesia limitava-se ao dinheiro dos atestados, venda de sepulturas e arrendamento de uma propriedade sita na Carvalheira, o que era insignificante.
O pouco que se podia fazer era realizado com a colaboração da população, principalmente no arranjo de caminhos e limpeza das ruas.
Para se conseguir alguma obra para a freguesia era necessário convencer o Presidente da Câmara, o que nem sempre era fácil. Menciono, como exemplo, a construção da Ponte da Baságueda, junto ao Parque de Campismo, que foi conseguida graças ao bom relacionamento entre o Presidente da Junta de Freguesia e o Governador Civil, tendo como opositor o próprio Presidente da Câmara.
Além de não haver sede para a Junta, não havia casa onde o médico dar consultas, sendo também o Presidente da Junta a conseguir, gratuitamente, casas para o efeito.
Não havia sítio onde reunir ou confraternizar, ou local onde o Rancho Folclórico pudesse ensaiar.
Concluindo: era necessário e urgente arranjar uma sede para tudo isto. Para isso, o Presidente da Junta pede a cedência à Junta de Freguesia da antiga Escola Primária Feminina que, entretanto, fora abandonada. Não foi fácil esta cedência (houve oposição do Director Escolar), mas a mesma concretizou-se. Recorda-se aqui a memória do sr. Agnelo Morão, que junto do Ministério das Finanças, tudo fez para que isso acontecesse.
E, assim, a Junta de Freguesia torna-se proprietária de um edifício em ruínas e sem hipótese de o aproveitar, por falta de verbas. Bem se tentou consegui-las. Mas todas as portas se fecharam, a começar pela Câmara Municipal de Penamacor. Tudo isto acontece antes do 25 de Abril de 1974.
Perante tudo isto, Libério Lopes tem uma ideia: fundar uma Associação que, depois de legalizada, poderia conseguir de outra forma o que a Junta não conseguiu. Resolveu dar-lhe um nome: Liga dos Amigos de Aranhas.
1 comentário:
Muito obrigado ao estimado «Mata Aranha» e ao seu autor, pelo excelente texto que aqui no trazem, sobre uma interessante página da história de Aranhas; excelente ainda por nos dar conta de outros tempos em que, pelas nossas remotas aldeias, pontuavam homens de grande iniciativa, de elevado amor à sua terra, e de independente e desinteressado apêgo à coisa pública.
Conheço o professor Libério desde os bancos da escola, aliás duma escola onde o mestre (o prof. José Vicente Lopes) foi também um professor, um homem e um autarca de extraordinário relevo, na vizinha aldeia do Salvador.
Parece impossível, mas, dantes, as forças vivas em presença, com todas as insuficiências conhecidas e apesar de apenas terem como paga eventuais incompreensões, iam melhorando, a pouco e pouco, as nossas vidas, e agora, sabe-se lá porquê, vamos piorando, dia a dia, o nosso próprio futuro como povo.
É dos homens?
É do tempo?
Não sei.
Albertino Calamote
Enviar um comentário